Paulo Ricardo relê astros da música pop em “Acoustic Live”

Vida de artista é feita de inúmeros altos e baixos. Ora estão em todas as paradas de sucesso, ora estão esquecidos. Com Paulo Ricardo não foi diferente: ídolo do BRock nos anos 80 com sua RPM, vendeu milhões de cópias, fez shows por todo o país, conquistou uma nação e virou até álbum de figurinhas. E, de repente… ostracismo. Virou solo em 1989, gravou bons discos, mas o fenômeno não se repetia.

Deu a volta por cima em 1996, impulsionado principalmente pela regravação de “A cruz e a espada”, cantada em duo com Renato Russo. Voltou a ser pop, fez pop romântico, pop brega, e voltou a vender milhares de discos. Em 2002, depois de muito ser comparado como “o novo Roberto Carlos”, reuniu os antigos companheiros e fez ressurgir o seu projeto de vida chamado RPM, que infelizmente naufragaria anos depois, em meio a conflitos internos. Montou nova banda, a PR.5, e fez um disco intitulado “Zum zum”, que não fez qualquer tipo de zumbido. Para os fãs, tristeza. Para os críticos mais céticos, um prato feito. Afinal, Paulo Ricardo, agora astro de duas gerações, teria sido lançado novamente ao ostracismo?

O que os fãs não esqueceram – e talvez eles, os críticos, sim – é que Paulo Ricardo sempre teve, além do carisma e da coragem de se reinventar, o poder de interpretar. E é justamente com estas armas que ele está de volta: em “Acoustic Live”, Paulo Ricardo – a exemplo de Emmerson Nogueira, Danni Carlos e outros tantos nomes – reuniu canções conhecidas do grande público e as adaptou ao seu universo. Em seu primeiro disco pela EMI, o ex-RPM revisita nomes como Stevie Wonder (“Isn’t she lovely”), Queen (“Crazy Little Thing Called Love”), os ex-Beatles George Harrison (“Something”) e Paul McCartney (“My Love”), James Taylor (“Fire and Rain”) e até mesmo Rod Stewart, que recentemente dedicou-se a cantar clássicos do cancioneiro americano – é relembrado por Paulo Ricardo já na abertura do show, em “Tonight’s the Night”, de 1976.

Gravado ao vivo na House of Palomino, em São Paulo, Paulo Ricardo conta com o auxílio dos músicos e parceiros Paulo Pagni (bateria), Paulinho Pessoa e Jax Molina (violões), Yann Lao (teclado), além do violonista Tuco Marcondes e do baixista Fernando Nunes. Produzido por Guto Campos, “Acoustic Live” repete a conhecida fórmula de sucesso dos discos acústicos, mas não fica preso a antigos medalhões: Paulo Ricardo e banda deixam bem claro que sabem o que estão fazendo e transformam os mais jovens Jack Johnson (“Sitting, Waiting, Wishing”), George Michael (“Careless Whisper”) e Chris Isaak (“Wicked Game”) em bons momentos do show.

Também editado em formato DVD, com três faixas a mais que o CD (“Jealous Guy”, de John Lennon, “Kiss”, de Prince e a especialíssima participação de Toquinho em “Quiet Night of Quiet Stars” (Corcovado), de Tom Jobim), “Acoustic Live” é um ótimo disco, à altura de tudo de bom que Paulo Ricardo já construiu até hoje. E ainda há as releituras de “Like a Rolling Stone”, de Bob Dylan, “Your Song”, de Elton John, e “Is This Love”, de Bob Marley, em arranjos pra lá de inspirados. Vale a pena conferir. Até porque, em tempos de plena ausência de novidades, por quê não rever o passado? o mundo é dos covers!

Faixas:
Tonight’s the Night (Rod Stewart) · Beautiful Girl (Arthur Fred e Nacio Herb Brown) · Is This Love (Bob Marley) · Wicked Game (Chris Isaak) · Fire and Rain (James Taylor) · Isn’t She Lovely (Stevie Wonder) · My Love (Paul McCartney) · Crazy Little Thing Called Love (Freddie Mercury) · Careless Whisper (George Michael e Andrew Ridgeley) · Something (George Harrison) · Your Song (Elton John e Bernie Taupin) · Sitting, Waiting, Wishing (Jack Johnson) · Honky Tonk Women (Mick Jagger e Keith Richards) · Like a Rolling Stone (Bob Dylan)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *