De forma independente, a eterna musa da axé music lança dois discos de uma só vez

2005 foi um ano de grandes mudanças para Daniela Mercury. Com a fusão da Sony (sua antiga gravadora) com a BMG (onde ainda tinha três discos pra lançar), a baiana, a exemplo de outros colegas, optou pela sua independência artística, rescindindo o contrato. Com isso, passou a ser a dona de todo o seu catálogo, a partir do explosivo O Canto da Cidade, lançado em 1992.

E os frutos da nova vida indie já começam a ser vistos por aí, em dose dupla: há dois meses chegou às lojas o CD Clássica, gravado ano passado em São Paulo e editado pela Som Livre. E Balé Mulato, 11º disco de Daniela Mercury, outra produção independente que ganha mundo esta semana, via EMI Music.

Em Clássica, Daniela Mercury mergulha de cabeça naquilo que foi seu ponto de partida e inspiração de carreira: a música popular brasileira, que agora é revisitada por ela em canções como Divino, Maravilhoso (Caetano Veloso), Se eu quiser falar com Deus (Gilberto Gil), Corsário (João Bosco), Serrado (Djavan), Atrás da Porta (Chico Buarque e Francis Hime) e Sua estupidez, de Roberto e Erasmo Carlos, com participação especial de sua irmã, a cantora Vânia Abreu, entre outras músicas.
Mas não é só de MPB que o ouvinte se delicia: Daniela surpreende com Beatles, abrindo os trabalhos com And I Love Her. Já o formato DVD traz seis canções a mais que o CD: Amor até o fim e Ladeira da Preguiça (Gilberto Gil), Upa Neguinho (Edu Lobo e Gianfrancesco Guarnieri), Sem fantasia (Chico Buarque), Ilê de Luz (Suka e Carlos Lima) e De qualquer lugar (Lenine e Dudu Falcão).

Em Balé Mulato, a embaixadora do Unicef e da cultura brasileira pelo mundo deixa de lado o flerte com a música eletrônica, elemento presente em seus últimos trabalhos (Carnaval Eletrônico, 2004 e Eletrodoméstico, 2003) e promove um retorno às suas origens musicais, através das 14 músicas do novo disco, que tem capa assinada por Mario Cravo Netto e produção de Ramiro Musotto, Alê Siqueira e da própria Daniela Mercury. No setlist, além de canções inéditas e composições de Daniela, estão versões para Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, Meu Pai Oxalá, de Vinícius e Toquinho, e Pensar em você, de Chico César, incluída na trilha da novela Belíssima, da Rede Globo. A música de trabalho de Balé Mulato é Topo do mundo, de Jauperi e Gigi, em execução nas rádios de todo o país.

Seja clássica, experimental ou popular, Daniela Mercury é, indiscutivelmente, uma artista que representa o seu povo como ninguém, dentro e fora do Brasil. Uma dica pra quem gosta de música brasileira de qualidade: vale a pena conferir os seus novos trabalhos.

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