Há muito tempo distante dos palcos cariocas, Gal Costa está de volta ao Rio de Janeiro para lançar seu novo show: Recanto, que marca a estreia da casa de shows Miranda, na Zona Sul da cidade. O espetáculo – inspirado nas canções do CD lançado por Gal no final de 2011, com produção de Caetano Veloso e Moreno Veloso – traz uma cantora renovada, cantando as novas ideias de Caetano – compositor de todas as faixas – que, curiosamente, dialogam bastante com os ideais dos anos 60, quando Gal Costa alertava que era “preciso estar atento e forte”.

Sobre Gal e Recanto, Caetano Veloso – que também assina a direção artística do show, afirma:

“Gal é uma das mais emblemáticas figuras da música popular brasileira moderna. Foi A cantora tropicalista por excelência: lançou “Baby” e defendeu “Divino, maravilhoso” no festival de 1968. Depois que Gil e eu fomos presos e exilados, ela segurou a estética ousada do grupo baiano (que tinha se associado aos paulistas Mutantes, Duprat, Medagspana etc.) em espetáculos como Fa-Tal, Gal a Todo Vapor. Seu nome batizou o trecho de praia mais badalado da Ipanema dos anos 1970. Ela foi considerada por Danuza Leão a mulher mais elegante do Brasil daquele tempo.

Mais tarde, com Gal Tropical, Índia, Cantar e uma sucessão de discos e shows inesquecíveis, ela enriqueceu o imaginário brasileiro. Gal é pessoa colada a mim. Desde que nos encontramos que nosso culto radical a João Gilberto nos aproximou a ponto de quase não precisarmos (nem conseguirmos) conversar nada. Ela é a voz de “Minha voz, minha vida”, a mulher sagrada de “Vaca profana”, o aparelho vocal de “Meu bem, meu mal”. Tom Jobim disse até morrer que ela era sua cantora favorita. E pra mim ela é ainda a menina que conheci porque gostávamos de bossa nova.

A grande plasticidade de seu estilo de cantora se deve ao entendimento instintivo do “cool” que ela teve desde o início. É isso que faz com que ela soe bem com Donato, com Lanny, com o Olodum ou com Kassin. Há uns 3 anos que sonho em fazer um grupo de canções só para ela gravar. Vi um show seu em Lisboa um ano e meio atrás e decidi realizar esse sonho. Compus pensando na voz dela e em programações eletrônicas. Tem até faixa 100% acústica neste disco, mas os sons eletrônicos predominam.

Senti necessidade de dizer justo essas coisas através dela. Vi que ela e eu podíamos fazer soar um objeto não identificado que tivesse a ver com tudo o que essencialmente somos. Por mim, este disco é dedicado a Maria Bethânia e Gilberto Gil, por razões que deveriam ser óbvias. Moreno, afilhado dela, o fez comigo. Kassin foi o programador mor. Mas também tivemos o Duplexx, o Rabotnik e Zeca Lavigne Veloso. É a vida, dolorosa e prazerosa como ela é. É a música, que tanto Gal quanto eu tangenciamos e adoramos”.

Gal Costa fica em cartaz nos dias 23, 24, 29, 30 e 31 de março, com ingressos entre R$ 200 e R$ 800. O Miranda fica no Espaço Lagoon – Avenida Borges de Medeiros, 1424 – Piso 2 – Lagoa – Rio de Janeiro. Telefone – (21) 2239-0305.

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